Papa admite que separação de casais às vezes é necessária


Ontem, dia 24/06/2015, diversos jornais e sites publicaram um pronunciamento do Papa Francisco sobre a separação de casais que repercutiu muito nos meios de comunicação.

É positivo que a impressa em geral publique os pronunciamentos da Igreja de modo que estes não fiquem restritos aos meios de comunicação católicos, sendo o Papa Francisco o seu porta voz por excelência.

Com todo o carisma e a vocação de grande pregador e catequista que o Papa já provou possuir, bem como o seu estilo de administrar e conduzir através de exemplos, Francisco habilmente atrai a atenção dos meios de comunicação de massa com a finalidade de transmitir uma mensagem que não é nova, mas é sempre atual.

A fim de fazermos uma breve análise, extraí alguns trechos de textos que foram publicados como se fossem ideias novas ou criações do Papa Francisco para mostrar que se tratam de assuntos que vem sendo desenvolvidos há anos, porém, agora estão sendo atraentes aos meios de comunicação.

1º trecho: “O Papa Francisco reconheceu nesta quarta-feira (24) que a separação do casal em alguns casos é inevitável e até ‘moralmente necessária’, principalmente quando reina a violência no lar, em uma clara mensagem de abertura ante os desafios da família moderna.”


- “Talvez seja surpreendente para muitos que a legislação canônica recepcione em seu ordenamento a separação de corpos e em determinados casos até a recomende. Embora a Igreja deseje que as partes se mantenham felizes, fiéis e unidas, e que seja promovido no matrimônio um espaço propício para a reconciliação, não se pode fechar os olhos para o fato de haver situações onde a separação física dos esposos é necessária, haja vista a coabitação se tornar praticamente impossível.”

(Pág. 102, livro Introdução ao Processo de Nulidade Matrimonial – George Antunes de Abreu Magalhães).

- “Os cônjuges têm o dever e o direito de manter a convivência conjugal, a não ser que uma causa legítima os escuse.”
(Cân. 1151 – Código de Direito Canônico).

2º trecho: "’Existem casos em que a separação é inevitável, inclusive moralmente necessária, para tirar os filhos da violência e da exploração e até da indiferença e estranhamento’, afirmou o Papa ante milhares de peregrinos reunidos na audiência-geral de quarta-feira na praça de São Pedro.”

- “A legislação canônica também prevê que quando uma das partes põe em risco a integridade física e espiritual do cônjuge e dos filhos, esta dá legitimidade para que haja a separação de corpos.”
(Pág. 104, livro Introdução ao Processo de Nulidade Matrimonial – George Antunes de Abreu Magalhães).


- “Se um dos cônjuges é causa de grave perigo para a alma ou para o corpo do outro cônjuge ou dos filhos ou, de outra forma, torna muito difícil a convivência, está oferecendo ao outro causa legítima de separação, por decreto do Ordinário local e, havendo perigo na demora, também por autoridade própria.” 

(Cân. 1153 – §1 – Código de Direito Canônico).

3º trecho: “O papa falou das ‘feridas profundas’ que provoca a separação aos filhos e rejeitou o termo “casais irregulares’. ‘Não estaremos anestesiados em relação às feridas da alma dos filhos? Quando mais se tenta compensar com presentes, mais se perde o sentido das feridas da alma”, afirmou. ‘Como acompanhar os casais em dificuldades, questionou ainda.

- “Havendo a separação dos cônjuges, é importante que sejam tomadas as devidas providências de modo a se prover o sustento e educação dos filhos (cân. 1154). A separação não é um objetivo vislumbrado pelo casal, tampouco pelos filhos, tornando-se um evento trágico e dramático, marcando profundamente a vida daquela família que se desfaz”.
(Pág. 105, livro Introdução ao Processo de Nulidade Matrimonial – George Antunes de Abreu Magalhães).

- “Efetuada a separação dos cônjuges, deve acautelar-se de forma oportuna a sustentação e a educação dos filhos.” 
(Cân. 1154 – Código de Direito Canônico).

- “O acolhimento da comunidade é de suma importância para amenizar a dor daqueles que veem a sua família se desfazer. A CNBB recomenda que a comunidade cristã tome a atitude de ir ao encontro dos membros dessa família oferecendo-lhes solidariedade e compreensão, e ainda: ‘(...) a comunidade cristã deverá procurar - seja com a ajuda de Peritos e conselheiros qualificados, seja pela solidariedade fraterna de outras famílias - oferecer às famílias em dificuldades o apoio de um diálogo e de uma orientação, que ajudem os cônjuges a discernir melhor seus problemas e a encontrar os caminhos de sua superação. E se a separação vier a consumar-se, a comunidade cristã continuará assegurando, com discrição e fraternidade, seu apoio e acolhida aos cônjuges separados, prestando, também, especial apoio a seus filhos.’”
(18. Cf.CNBB, Orientações Pastorais sobre o Matrimônio, Doc 12 São Paulo, 1978; Diretório da Pastoral Familiar da CNBB. São Paulo, 2005.)

- “Por isso, é mais que justificada a atenção pastoral que o Sínodo reservou às dolorosas situações em que se encontram não poucos fiéis que, depois de ter celebrado o sacramento do Matrimônio, se divorciaram e contraíram novas núpcias. Trata-se dum problema pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira chaga do ambiente social contemporâneo que vai progressivamente corroendo os próprios ambientes católicos. Os pastores, por amor da verdade, são obrigados a discernir bem as diferentes situações, para ajudar espiritualmente e de modo adequado os fiéis implicados”. 
(Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis – Correção de tradução feita por Dom João Bosco de Faria)
http://www.zenit.org/pt/articles/para-papa-divorcio-e-uma-chaga-nao-uma-praga-explica-bispo

 - “É importante lembrar que a separação de corpos não desfaz o vínculo que foi firmado na celebração do matrimônio. Esgotadas as possibilidades de reconciliação aconselha-se que as partes ingressem com um pedido de nulidade matrimonial para que o Tribunal competente avalie a validade daquele matrimônio.”
(Pág. 106, livro Introdução ao Processo de Nulidade Matrimonial – George Antunes de Abreu Magalhães).


* Seguem algumas manchetes a respeito do pronunciamento do Papa Francisco:

- G1 - Papa admite a necessidade da separação do casal em alguns casos: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/papa-admite-a-necessidade-da-separacao-do-casal-em-alguns-casos.html
- JBFM - Internacional - Papa admite que separação de casais às vezes é necessária: http://jbfm.ig.com.br/Noticias/Listar/37432/24-06-2015/papa-admite-que-separacao-de-casais-as-vezes-e-necessaria


             Podemos, então, concluir que não é de hoje que a Igreja considera que a separação do casal é necessária em alguns casos, o Papa Francisco, como representante da Igreja reafirma essa posição e convida aos católicos a acolherem as pessoas (o casal e seus filhos) que vivem essa triste experiência. 

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